quinta-feira, 23 de junho de 2011

ALFREDO PIMENTA E A OPERAÇÃO BARBAROSSA



Boa Tarde,

Ainda sobre a Invasão Alemã (Operação Barbarossa), em que se comemoram por estes dias o 70ºAniversário,(22 Junho 1941)  passo a descrever parte do que foi escrito pelo Historiador  e Filósofo Português, Alfredo Pimenta, em "Contra o Comunismo", sobre a Invasão Alemã da Russía...

«Certos cronistas de guerra ou de acontecimentos internacionais dão à guerra germano-soviética dois caracteres que não estão de harmonia com as realidades nem com os altos interesses da Civilização: em primeiro lugar, chamam-lhe invasão da Rússia; em segundo lugar, atribuem-lhe o limitado objectivo da aquisição dos cereais da Ucrânia e das regiões petrolíferas adjacentes.


Ora não se trata propriamente de invasão da Rússia, com todo o perigo que tal expressa comporta. Invasão, por certo, na aparência; mas defesa pura, na substância.

Por outro lado, se o objectivo da missão germânica fosse apenas o dos cereais e petróleos do Sul da Rússia, era absolutamente incompreensível que a Finlândia se movesse, para... dar cereais e petróleos à Alemanha; que a Itália enviasse para os campos de batalha uma divisão, com o fim de a Alemanha adquirir petróleos e cereais; e que na Espanha já estivessem organizados 15 mil voluntários, com o heróico e lendário Moscardó à sua frente, para fornecerem petróleos e cereais à Alemanha...

Se este tivesse em mira apenas cereais e petróleos, facilmente os compraria a Estaline, como lhe comprou, em 1939, a neutralidade — embora por preço amargo e avantajado. Mas comprava...

Não. O objectivo da missão germânica ultrapassa os cereais e os petróleos do Sul da Rússia: é o Comunismo.

Quando, em 1939, o mundo ficou surpreendido com o Acordo germano-russo, sustentei sempre o seu carácter exclusivamente militar e a sua duração provisória, e tive sempre para comigo que mais cedo ou mais tarde, se efectuaria a liquidação do problema.

Veio mais cedo do que eu contava. Muito mais grave do que a falta, real ou suposta, dos cereais e dos petróleos, é, para a Alemanha, ter debruçado nas suas fronteiras, o Comunismo militante, expansionista, imperialista, internacionalista, absorvente.

E Estaline estava com pressa... Ele podia esperar o resultado da guerra, jogando na carta da derrota da Germânia. Mas ou porque desconfiasse da carta, ou porque calculasse ser seguro o golpe neste momento mais próximo, — certo é que acumulou divisões sobre divisões na fronteira ocidental, e em determinadas ocasiões, rosnou, por se sentir forte.

A Alemanha fez-lhe a vontade. E Estaline, creio-o em Deus!, tem os seus dias contados.

Os cereais? Os petróleos? Senhores! não façamos, ainda que involuntariamente, o jogo do Comunismo...

Porque é deste que se trata, ou para o servir, ou para o bater.

Nós estamos em guerra com o Comunismo desde 1926, isto é, desde que o 28 de Maio surgiu. Essa guerra tornou-se aguda desde que o Prof. Oliveira Salazar rege os destinos da Nação, imprimindo-lhes uma orientação decisiva. Já o escrevi: não temos representação diplomática e consular em Moscovo; não reconhecemos direitos civis ou políticos aos sovietes; opusemo-nos a que os mesmos ingressassem na Sociedade das Nações; fizemos tudo o que nos era possível, dentro das circunstâncias especiais nossa posição internacional, contra o Comunismo, na guerra de Espanha; multiplicaram-se, então, os comícios anti-comunistas; criou-se a Legião Portuguesa, para se bater o Comunismo; decretou-se que não se podia ser funcionário público sem previamente se declarar que se é anti-comunista; o Rádio Clube Português foi, no campo da Rádio, o grande órgão anti-comunista.

Foi assim, há três anos. O Comunismo estava, então mais próximo de nós, no espaço. Mas hoje, está muito mais junto de nós, ameaça-nos muito mais, — como potência ideológica e como realização prática.

E ainda ontem ouvi o interlocutor português (português, Santo Deus!) da B.B.C. de Londres, assegurar ao público português, que o Comunismo extinguiu o analfabetismo na Rússia, e fez dos seus camponeses admiráveis condutores de tractores agrícolas, e, portanto, notáveis condutores de tanks! Em síntese, ensinava ao público português, o locutor português que o exército russo imperial não prestava para nada; e que o exército russo vermelho é esplêndido!

Legionários portugueses! Anti-comunistas portugueses! Onde estais vós? Rádio Clube Português! Onde estais vós?

O perigo é, hoje, incomparavelmente maior.

Temos, à frente do governo, a figura séria e nobre de Salazar. Ontem, nos ásperos e difíceis anos de 1936-1939, ele conduziu-nos seriamente e nobremente, através do emaranhado das dificuldades, da selva escura das bizantinices, dos maquiavelismos tortuosos e das pressões e ameaças impertinentes.

Sem fanfarronadas ou imprudências, ele pode manter, no meio do temporal, a independência e a vontade do Estado. A Nação estava junto difíceis e mais ásperas, porque, desta vez, o Comunismo traz a máscara.

Se há três anos se mobilizaram oradores, conferencistas, escritores, jornalistas e emissoras, agora mais necessário se torna rodearmos o Presidente do Conselho, para que ele possa, hoje como ontem, resistir, e defender a Nação, em tudo quanto ela tem de belo e nobre, de substancial e específico.

Atingimos a hora alta da cruzada anti-comunista: a nossa História chama por nós. Faltaremos à chamada?»

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