Faço hoje um breve alusão ao Corpo Expedicionário Português, (CEP) que combateu na Flandres, durante a 1ªGuerra Mundial.Quero agradecer publicamente ao meu amigo José Marques, o facto de me ter emprestado os artigos aqui em baixo fotografados, e que lhe pertencem.Sem ele não poderia ter colocado estas fotos.É sempre interessante, para nós coleccionadores podermos partilhar as nossas peças, para outros as conhecerem, e aprenderem.Resta-me aqui prestar uma simples homenagem aos Portugueses mortos durante este sangrento conflito, que brevemente completará 100 anos, da data do seu início.
Após hesitações e polémicas, os portugueses resolveram entrar na Primeira Guerra Mundial, justificando tal atitude com a defesa das colónias, cobiçadas pelos alemães, e a afirmação do prestígio internacional de Portugal, para além da afirmação da jovem República, legitimando assim a pretensão de entrar em conversações de paz donde pudesse retirar dividendos para a nação. O apelo da Inglaterra, velha aliada de séculos, acelerou a entrada no conflito: a pedido dos ingleses, Portugal aprisionou, em 1916, cerca de setenta navios alemães fundeados nos portos nacionais e ultramarinos, o que precipitou a declaração de guerra da Alemanha a Portugal a 9 de março. Já adversários em África havia alguns anos (ataques germânicos no Sul de Angola e Norte de Moçambique), as hostilidades luso-alemãs passaram assim também para a Europa, ainda que aqui os portugueses estivessem inseridos em contingentes aliados. O governo da República decidiu criar, por isso, o Corpo Expedicionário Português.
Designado tradicionalmente por CEP, os seus dois primeiros contingentes rumaram a França a 26 de janeiro de 1917, depois de terem sido preparados sob a direção do general e ministro de Guerra Norton de Matos de forma rapidíssima (durante nove meses) nos quartéis de Tancos, facto que na altura se apelidou de milagre de Tancos, tão depressa e bem (de acordo com relatórios oficiais) se transformaram em soldados aptos e capazes para um conflito duro homens que, até pouco tempo antes, tinham uma vida civil, pacata e tranquila. Este Corpo era comandado pelos generais Tamagnini e Garcia Rosado.
O exército português estava, ao eclodir a Guerra, ainda numa fase de reorganização, num processo de alteração da sua estrutura de cariz monárquico para as novas exigências e formato republicanos. A partida de milhares de homens para a Flandres gerou, no entanto, descontentamentos nacionais, avolumados pelos enormes gastos a suportar pelo governo.
O primeiro grupo de militares instalou-se em Thérouane, na Flandres, constituindo aí, com os que viriam posteriormente, uma divisão com quartel-general na mesma localidade. Posteriormente, com os reforços e outros contingentes enviados, a divisão é transformada em duas, ficando a segunda com quartel-general em Fanquenbergues.
A 3 de janeiro de 1917 convencionou-se com a Grã-Bretanha que o CEP ficaria dependente da British Expedicionary Force, embora tenha colocado um pequeno contingente de artilharia numa área militar francesa. A partir de maio, o CEP dispôs-se de forma definida no terreno, reforçando posições defensivas basicamente com unidades de infantaria. A 1.a Brigada instalou-se no setor de Neuve-Chapelle; a 2.a ocupou posição, já em junho, em Ferme-du-Bois, instalando-se mais tarde, em julho, uma 3.a, em Fauquissart. Estas três brigadas - a 1.a Divisão do CEP - estavam taticamente adstritas aos britânicos (XI Corpo de Exército Britânico). No fim do verão, chegaria uma nova brigada, dita "do Minho", que se colocou na frente de batalha. Com este reforço, o CEP tornou-se, do ponto de vista de estratégia militar e operacional, um corpo de exército, centrado em St. Venant, seu quartel-general. Em relação ao enfileiramento dos Aliados, subordinava-se ao 1.o Exército Britânico, ocupando uma frente entre Béthune, Lavantie e Fleurbaix, na Flandres francesa.
Integrados nos setores britânicos, os soldados portugueses tinham como função guarnecer as posições da frente designadas para as suas brigadas, o que fizeram durante dois anos consecutivos em condições de combate extremamente duras, participando por vezes em raids contra posições alemãs. Ao fim daqueles dois anos permanentemente em trincheiras, foram substituídos por unidades britânicas. O cansaço e o stress de guerra acumulados naquele tempo eram demasiado grandes e a operacionalidade e o moral baixos, apesar da bravura e entrega ao combate. Durante aquela rendição, deu-se a ofensiva de abril dos alemães, um esforço para abrir brechas na frente aliada e "empurrar" os exércitos britânicos - onde pontificava o CEP - para o mar, tentando assim abrir caminho para a França. Esta ofensiva foi antecedida, a 9 daquele mês de 1918, de uma feroz e mortífera barragem da artilharia alemã sobre as posições do CEP, ponto nevrálgico para onde confluiria a coluna principal da ofensiva, aproveitando a extenuação e falta de reservas humanas e materiais dos portugueses, desapoiados que estavam depois da derrota dos flancos britânicos - surpreendidos com o ataque - da frente em que se incorporavam. A resistência foi tenaz e adiou a passagem alemã, ficando célebre a Batalha de La Lys (a que os ingleses chamam Batalha de Armentières).
O CEP sofreu pesadas baixas e divisão em pequenos grupos sem ligação, ficando o que dele restava, depois da batalha, integrado no exército britânico. Esta batalha celebrizou um soldado, Aníbal Augusto Milhais (o chamado soldado Milhões), pelo desempenho heroico ao proteger a retirada dos camaradas a tiros de metralhadora.
A quase extinção da 2.ª Divisão deste Corpo foi um golpe de azar, uma vez que estava a ponto de ser substituída por forças inglesas após ter cumprido um período de seis meses na frente. Mas a dita substituição apenas foi pensada porque o general Tamagnini comunicou a 4 de abril a notícia dos motins causados pela falta de mantimentos e substitutos. Esta situação de enfraquecimento traduz o estado de abandono a que tinham sido votados os soldados portugueses pelo governo nacional saído da ditadura militar imposta em dezembro de 1917 (até dezembro de 1918). Este período foi o pior do CEP no teatro de batalha, uma vez que o governo de Sidónio Pais era adepto de uma menor intervenção de Portugal numa guerra que agravava as dificuldades que se viviam no país. O processo de recrutamento tornou-se mais complexo, com o objetivo de enviar cada vez menos soldados, tendo a entrada dos Estados Unidos na guerra favorecido esta política. As forças portuguesas perderam importância perante os novos reforços, que se revelariam decisivos para o desfecho da Primeira Guerra Mundial. Todavia, até os adversários elogiaram a atuação do CEP, como o marechal alemão Hindenburg, para além dos ingleses.
Em julho de 1918, o CEP viu o seu comandante ser substituído pelo general Tomás António Garcia Rosado. A 4 desse mês, a 1.ª divisão do Corpo subordinou-se ao 5.º Exército Britânico. A 9 de dezembro rumaram a Cherburg as primeiras tropas do CEP para ulterior embarque para Portugal. O último comandante do Corpo Expedicionário Português antes da assinatura do Tratado de Versalhes, que terminou com a I Grande Guerra, foi o general Alves Roçadas.
Apesar de Portugal ter atingido os objetivos que nortearam a sua entrada na guerra, o saldo de tal envolvimento foi gravoso e pesado: mais de doze milhares de mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros.
CAPACETE ALEMÃO TRAZIDO PELO CORPO EXPEDICIONÁRIO PORTUGUÊS
CAPACETE PORTUGUÊS 1GM-1ºMODELO
CAPACETE PORTUGUÊS 1GM-2ºMODELO
BOTAS DE OFICIAL PORTUGUÊS DO C.E.P
BOTAS PORTUGUESAS1ªGM MODELO PARA PRAÇAS-NUNCA USADAS
Mais sobre o C.E.P..ver http://www.clubesomnium.org/arquivos/militaria/historia/CEP.pdf